Partilha: Grelha de Observação . . . uma das ferramentas do professor!!
Antes de mais, e tendo em consideração que o tema deste post e uma perspectiva de colaboração, cooperação e de desenvolvimento de materiais cada vez mais adequados à realidade e às exigências da docência, disponibilizo-vos aqui algumas grelhas de observação para efectuar determinados registos a ter em consideração aquando da avaliação:
Grelha de Observação em Aula Prática
Depois de as visualizarem e de pensarem um pouco sobre elas…escrevam o vosso feedback com GIZdigital!
A crítica construtiva é sempre bem-vinda!!!
ESPAÇO
Reflexão: Avaliação na sala de aula . . . o início ou o fim da aprendizagem???
Reflectir sobre a avaliação das aprendizagens não é tarefa fácil, pois, muito embora seja uma das questões centrais no processo ensino aprendizagem, não é consensual.
Penso que, ao iniciar uma reflexão sobre avaliação das aprendizagens, é importante questionar o acto de avaliar!
O que é avaliar? Como avaliar? Qual ou quais as razões para avaliar? O que se avalia? Que conclusões retirar do que se avalia? A avaliação funciona como um começo ou como uma meta?
Ou, questões de natureza mais específica ou prática: O que avaliar e/ou como avaliar, por exemplo, a compreensão que um dado conteúdo da Física ou da Química, quando o problema reside num fraco entendimento de um ou mais conteúdos de Matemática?
Estas serão, com certeza, apenas algumas questões num mar de tantas outras que se poderiam fazer sobre este tema.
Podemos sempre recorrer à legislação para procurar respostas:
– Avaliação Ensino Básico
– Avaliação Ensino Secundário
… mas encontraremos apenas linhas orientadoras, as respostas, essas apenas surgirão através da reflexão e, possivelmente, nunca serão alcançadas, pelo simples facto de, muito embora os conteúdos do ponto de vista científico não mudem, a forma como se “relacionam” com a sociedade está em constante mudança, assim como, aqueles a quem nós queremos ensinar.
Actualmente, parece-me que vigora ainda o ensino tradicional e, por consequência, a avaliação tradicional, isto é, o professor debita os conteúdos – muitas vezes pensando, erroneamente que está a promover a interacção e a discussão de ideias na sala de aula – e o aluno preocupa-se em conseguir reproduzir esses mesmos conteúdos, sempre que é questionado oralmente, mas, principalmente, por escrito. Este processo, no qual o aluno não toma uma posição activa na construção do seu conhecimento, pode ( e deve!!) levar-nos a parar e pensar, ao invés de voltar a “repetir a mesma receita” …
… Sendo assim, com que objectivo se ensina? Será que se procura o desenvolvimento de competências de aprendizagem ou de competências de memorização?
E no caso particular de um professor de Física e Química?!… Para este, o objecto de estudo está em constante mudança e permite estabelecer uma forte interacção com o meio, pelo que a função do espaço “sala de aula” não se esgota num espaço discussão teórica dos fenómenos naturais, mas, que se deve preocupar em ultrapassar este âmbito e tratar os assuntos de forma mais prática, indo de encontro ao quotidiano dos alunos.
Com isto em mente, impõe-se as questões:
Será que uma avaliação que visa, sobretudo, o aproveitamento em provas de avaliação escrita é capaz de aferir todas as competências que têm de ser desenvolvidas no domínio abrangente destas disciplinas?
Será a avaliação realizada capaz de valorizar o processo de aprendizagem ou uma tentativa do professor em minorar a subjectividade do acto de avaliar?
Estará o professor a formar ou a seleccionar?
Para um professor interessado em que os alunos efectuem uma aprendizagem significativa dos conteúdos, parece-me que a avaliação formativa adquire um papel de grande relevância, sobretudo se for regular/periódica. Assim, poder-se-á numa primeira fase diagnosticar, no decorrer da aprendizagem pode-se clarificar e reajustar e, numa fase final, pode fazer-se o balanço das aprendizagens e retirar conclusões sobre todo o processo de ensino-aprendizagem. Eis uma forma de tentar garantir que a aprendizagem não seja o armazenamento de definições, fórmulas e conceitos, mas sim um processo gradual, no qual a detecção do erro e da sua causa, assumem um papel de suma importância e da qual podem advir indicações valiosas sobre a melhor forma para reorientar a sua forma de ensinar. Parece-me que também é importante que o próprio aluno seja parte interveniente e consciente de todo este processo, conseguindo-se, assim, que este tenha um papel mais activo, construtivo e de auto-regulação no seu acto de aprender e, sendo este um processo individual, não deixa de ser uma forma de diferenciar o ensino.
Uma outra questão que se coloca, prende-se com a avaliação sumativa. Esta pode ser entendida, também, como uma avaliação formativa, na medida em que possibilita um reajuste do ensino à aprendizagem dos alunos.
Não obstante, parece-me que, regra geral, esta é a vertente da avaliação na qual recai a atenção dos professores e, consequentemente, dos alunos. É nela, mais propriamente, nos instrumentos: testes de avaliação sumativa, onde incide a maior percentagem da avaliação global, não tendo, necessariamente, preocupações de reorientar mas, sobretudo, de classificar e/ou promover a hierarquização. A meu ver, actualmente avalia-se muito à luz de uma avaliação criterial, e menos à luz de uma avaliação normativa (Avaliação Criterial/Avaliação Normativa).
Qual a razão da predominância dos testes avaliativos como forma de avaliação?
Alguns, dos quais, confesso, apenas me descartei há relativamente pouco tempo, justificariam tal facto com a existência de um exame nacional! Todavia, não é necessário muito esforço mental para perceber que esta, dificilmente, será a única explicação, até porque não há exame nacional em todos os anos de escolaridade.
Para além disto, se atendermos aos resultados do ciclo do PISA 2006, cujo enfoque foi fundamentalmente nas ciências e no qual se testou o nível de literacia dos alunos neste domínio, ou seja, a capacidade destes em aplicar conhecimentos, bem como, analisar, raciocinar e comunicar com eficiência, à medida que se vão colocando, resolvendo e interpretando problemas numa variedade de situações concretas, verifica-se que a prestação dos alunos portugueses ficou acima da média para os alunos do ensino secundário, mas abaixo da média para os alunos do ensino básico.
Penso que há alguma resistência em mudar, inovar e fazer diferente. Subjacente a isto poderá estar, eventualmente, o receio, por parte dos próprios professores, em não seguir o melhor caminho e, como tal, falhar! . . . Sim, porque um professor também está sujeito a avaliação explícita e implícita.
De facto, todos somos avaliados, é algo inerente à sociedade . . . Enquanto professores, não nos podemos que a avaliação escolar pode também ter uma vertente social e individual, que muitas vezes é descurada e que pode ser de extrema importância para a construção de um cidadão (talvez seja interessante ler a entrevista a Charles Hadji).
Em jeito de conclusão . . . mas não concluindo, pois esta reflexão está longe de se esgotar aqui . . . é-me mais fácil aceitar a avaliação como início de uma aprendizagem, que se quer verdadeira e significativa, ao invés de a considerar um ponto final coincidente com o final da leccionação de um conjunto de conteúdos.